Muitas vezes esperamos tempo demais para começar um projeto por achar necessário investir muitos recursos. A falta de um investimento somado às dúvidas de aceitação de um determinado público acaba nos paralisando antes de darmos o primeiro passo.
Com um mundo cada vez mais digital e com soluções inovadoras acessíveis, podemos colocar em prática nossas ideias de uma forma rápida e sem muito custo envolvido. Mas como podemos fazer isso? Por onde começar? Quais ferramentas utilizar? Neste breve texto, busco, objetivamente, trazer conceitos, ferramentas e casos reais de como podemos validar nossas ideias.
Mas antes de começar a apresentar alguns conceitos, gostaria de fazer uma pergunta: Você sabia que quase 70% das startups falham?
De acordo com CBInsights, plataforma de análise de negócios que fornece inteligência de mercado sobre empresas privadas e atividades de investidores, existem 20 razões principais para isso. Sendo a falta de adequação ao mercado (42%) a principal delas, mais conhecida como Market-Fit. O que é o Market-fit?
O Market-fit consiste em identificar até que ponto determinado produto ou serviço oferecido por uma empresa é capaz de satisfazer a demanda de mercado. Essa demanda pode ser a identificação de um problema ou “dor” do seu cliente. Em resposta a essa dor, um produto ou serviço é oferecido trazendo a solução de uma forma em que seu público-alvo esteja disposto a pagar. Muitas vezes a solução encontrada em resposta à demanda de mercado nem sequer é conhecida pelo seu cliente.
Por isso é essencial desenvolver um MVP no início a fim de observar se o seu produto ou serviço se encaixa nas reais necessidades do consumidor. Afinal, o que é um MVP?
Como o próprio nome sugere, Minimum Viable Product, ou em português, Produto Minimamente Viável, consiste no desenvolvimento de uma versão de um projeto com o mínimo de investimento financeiro e de tempo, mantendo a capacidade de entregar os mesmos valores do produto finalizado.
A ideia de um MVP é obter feedback do usuário antes de desenvolver o produto final. Esse feedback ajuda a evitar o fracasso, ou seja, a não adequação de determinado projeto ao mercado. Essa prática ficou popular com o livro Startup Enxuta (2011), de Eric Ries, e é utilizada principalmente na fase inicial dos negócios.
A chave do sucesso é equilibrar “viável” e “mínimo” para garantir que você crie um produto que as pessoas usarão.
De acordo com o método da startup enxuta, a empresa deve se basear no ciclo de feedback chamado de “construir-medir-aprender”.
Ou seja, a startup constrói seu MVP, lança no mercado, mede as reações do cliente, aprende com os erros e acertos e, só então, avança com seu produto.
Porque ele é tão importante?
De forma geral: ajuda a obter dados iniciais que confirmam o interesse dos usuários em seu produto. Logo os resultados positivos na fase de MVP dão luz verde para que a versão completa seja desenvolvida.
Podemos pontuar alguns principais benefícios:
Economizar tempo e recursos, certificando-se de que você está investindo em um projeto que provavelmente terá sucesso;
Verificar se o produto é atraente para os usuários em potencial;
Descobrir quais tendências você pode aproveitar (ou até mesmo “pivotar”);
Adquirir uma base de usuários em potencial e encontrar os primeiros clientes;
Atrair investidores com antecedência (validação do mercado).
Para deixar mais claro o entendimento e sua aplicabilidade, trago dois exemplos práticos:
Exemplo 1
Sua ideia é criar um site que conecta os possíveis clientes a uma loja local e disponibiliza cupons de desconto para os usuários. Você deseja disponibilizar descontos de diversas lojas em seu site, e consegue monetizar no momento em que seu usuário efetua uma compra com um de seus cupons.
Mas antes de desenvolver o produto final, você lança um MVP:
Comece com um site WordPress onde você posta cupons todos os dias;
Gere manualmente um arquivo PDF com esses cupons;
Disponibilize no site ou envie este arquivo PDF aos usuários por e-mail;
Espere e meça a utilização destes cupons pelos usuários, validando seu negócio;
Desenvolva formulários de pesquisa para colher o feedback dos seus clientes.
Um exemplo brilhante de empresa que usou esse tipo de MVP é a Groupon. Quando foi lançado, o mesmo não era um produto totalmente desenvolvido.
O Groupon começou como um site chamado The Point, que tinha como missão unir pessoas para que elas alcançassem seus objetivos pessoais. Porém, a ideia inicial não estava atraindo muitos usuários. Então, enveredaram para um modelo de negócio em que postavam descontos em seu site de maneira manual.
Mesmo simples – um site básico e com envio de PDFs via e-mails –, o MVP do Groupon serviu para que seus fundadores validassem se havia mercado para o serviço que ofereciam.
Exemplo 2
Você deseja construir um e-commerce de sapatos em que venderá produtos de diversas marcas e modelos. Todo o processo de escolha, compra e entrega deve ser feito em sua plataforma.
Porém você se depara com um ponto muito importante e peculiar do seu produto: a experimentação, com a qual o seu cliente pode verificar o tamanho e outros aspectos que lhe interessem.
Portanto, antes de desenvolver o produto final, você lança um MVP:
Crie um site WordPress
Vá ao shopping local, tire fotos de sapatos, coloque essas fotos online e espere.
Quando um pedido chegar, volte ao shopping, compre os sapatos, mande um link de pagamento para o usuário e faça o envio manualmente.
Assim você verifica se os usuários querem comprar sapatos sem experimentá-los. A Zappos foi lançada dessa forma, e foi comprada pela Amazon em 2009 por quase USD 1 bilhão.
Chegou a sua hora de criar seu MVP e validar sua ideia de negócio! Utilize ferramentas gratuitas e intuitivas para testar suas ideias sem a necessidade de muitos gastos. Neste primeiro momento, você não necessita de um programador ou designer, pois consegue criar e aprender de forma rápida.
Algumas ferramentas:
Wordpress e Wix: Desenvolvimento de sites de forma intuitiva e barata.
Ecossistema Google: Oferece várias soluções como a criação de sites e formulários integrados à plataforma de planilhas.
Instagram e Facebook: Loja virtual para validar e-commerce e gerar tráfego de pessoas e notoriedade para sua marca, além de realizar os primeiros faturamentos.
PowerApps Microsoft: Criação de aplicativos de forma intuitiva e integrados ao ambiente Microsoft (Excel, Power BI etc).
Sugestões de leitura:
Startup Enxuta – Eric Ries
Nada Easy – Tallis Gomes
Lean Inception – Paulo Caroli
Para concluir a ideia e importância do MVP, aqui estão algumas frases proferidas por Tallis Gomes, empreendedor brasileiro e fundador da Easy Taxi:
“Tendemos a demorar demais para lançar a nossa primeira versão; este é um erro clássico que faz com que a grande maioria das startups percam um elemento primordial do sucesso, o “timing” (tempo certo para fazer algo)”
Nunca teremos as respostas certas antes de colocar nossa solução no ar. Logo não perca tempo, lance sua primeira versão com os recursos que possui e busque a todo instante por feedbacks.
“Se você não sente vergonha da sua primeira versão do produto, provavelmente você demorou tempo demais para lançá-lo; logo, abriu espaço para a concorrência fazê-lo na sua frente.”
Lembre-se… Nesse momento inicial, segundo Gomes, vale seguir a máxima:
“feito é melhor que perfeito.”
Novamente, apenas no momento inicial. Uma vez validado, a qualidade e excelência do seu produto final tornam-se essenciais.
Dê o primeiro passo e valide sua ideia de negócio sem a necessidade de muitos gastos.
Além das ferramentas apresentadas, um ótimo recurso que pode usar a seu favor é o YouTube, local onde pode, além de aprender as ferramentas citadas anteriormente, ter acesso a depoimentos de pessoas que já passaram por esse processo de aprendizagem. Dê o primeiro passo!
Rodrigo Alencar – Diretor de comunicação do IFL Jovem SP
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